segunda-feira, 16 de julho de 2012

Trigésimo Terceiro Quadro de Quarenta - ENCONTRO ENTRE MARIA ROSA E MATOS COSTA

Nome do quadro: ENCONTRO ENTRE MARIA ROSA E MATOS COSTA A virgem Maria Rosa é a personagem feminina de maior destaque do tempo dos redutos. A ela, são atribuídas qualidades excepcionais enquanto vidente e comandante. Dificilmente alguém fazia algo sem antes consultar "quem tudo sabia". No Museu Histórico e Antropológico do Contestado de Caçador(SC), ao lado de um manequim que representa Maria Rosa, encontram-se registros afirmando que Maria Rosa, no reduto de Caraguatá, chegou a ter sob seu comando 5.000 sertanejos armados. Filha de um lavrador de Serra da Esperança, chamado Elias de Souza ou Eliasinho da Serra como era conhecido, Maria Rosa, em situação idêntica ao que fez Teodora, ordenou a mudança para Caraguatá. Adolescente inteligente, simpática e de bastante carisma, destacava-se falando com desembaraço. Geralmente recebia as ordens de José Maria trancada num quarto escuro. Transformava-se nos momentos de variação. Escreve Vinhas de Queirós que o povo obedecia cegamente às ordens de Maria Rosa. "Era encarada como a representante da vontade do monge, de quem conhecia os secretos desejos. Designava os chefes ostensivos, destituía-os dos comandos, sentenciava". É atribuída a Maria Rosa a autoria de um documento onde constava a nomeação de Henrique Wolland comandante dos Pares de França de São Sebastião. Em Bom Sossego, Maria Rosa ainda desfrutou de seu prestígio por mais algum tempo. Para muitos, quando Maria Rosa deixou de ser ouvida, o movimento tomou outros rumos. A visita secreta de Matos Costa a Bom Sossego teria conseqüência imediata a ascensão de Francisco Alonço de Souza ao comando geral e a queda irreversível de Maria Rosa. Começava o tempo dos comandantes gerais. Surgiram assim, os chefes aguerridos e Maria Rosa perdia de vez o prestígio. Contrariada, assumiu um papel secundário, atendendo principalmente crianças, mulheres, doentes e pessoas que estavam lá por sua causa. Vinhas de Queirós fala de conflitos dentro do reduto, onde Maria Rosa era a principal representante dos vacilantes. Vacilantes ou como preferiu chamar Felippe: moderados. Por outro lado, Elias de Morais liderava os belicosos. Estas facções internas, provocaram celeumas nos redutos, principalmente durante a queda de Maria Rosa e na sucessão, após a morte de Francisco Alonço de Souza. É possível que os manifestos do General Setembrino fossem dirigidos para alvos calculados. O fim de Maria Rosa foi igual ao de muitos daqueles que a admiravam. Segundo Felippe, foi durante o avanço de Potiguara no Vale do Timbozinho, em direção a Santa Maria. Maria Rosa recusou-se a abandonar o reduto para fugir, "deve ter morrido, ficando confundida entre os inúmeros cadáveres que ninguém se importava em identificar" (Vinhas de Queirós, 1981, p. 270). Passou para o lado do exército encantado de José Maria, fazendo parte da solene corte celeste que povoava a imaginação dos sertanejos. Apesar da atuação do Capitão João Teixeira de Matos Costa em favor dos caboclos, ele foi morto na Estação de São João dos Porcos, em 1913, pelos próprios caboclos.

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