sábado, 14 de julho de 2012

TEXTO DO DÉCIMO NONO QUADRO - GENOCÍDIO NO CONTESTADO

É neste cenário que insere-se a Guerra do Contestado... Aproximadamente seis mil pessoas foram mortas no sertão do Estado de Santa Catarina, entre dezembro de 1913 e janeiro de 1916. Após quase três anos conflituosos, cerca de nove mil militares e civis, entre mortos, feridos, desaparecidos e desertores, deram baixa nos campos de batalha da Guerra do Contestado, um dos mais sangrentos episódios da História do Brasil, que manchou com sangue uma área de 15.000 km, então habitada por menos de 50 mil pessoas. No auge do conflito, entre o final de 1914 e o início de 1915, estavam em ação 8.000 militares, sendo 7.000 soldados das armas da Infantaria, Cavalaria, Artilharia e Engenharia do Exército Brasileiro, do Regimento de Segurança do Paraná, do Regimento de Segurança de Santa Catarina, mais 1.000 civis regionais contratados pela União. O inimigo: Exército Encantado de São Sebastião, informal, com 10.000 combatentes, entre homens, mulheres, idosos e crianças, na maioria caboclos luso-brasileiros, armados com revólveres, espingardas e facões. A Guerra do Contestado foi o evento bélico mais importante da História de Santa Catarina, envolvendo a população sertaneja de um lado e forças militares nacionais e estaduais do outro. O evento, que aconteceu em terras administradas por Santa Catarina e leste do Rio do Peixe, é definido por estudiosos como “insurreição xucra” ou “guerra civil”; para religiosos, ocorreu uma “rebelião de fanáticos”; para sociólogos, houve um “conflito social”; para antropólogos, foi um “movimento messiânico”; para políticos, uma tentativa de desestabilização das oligarquias; para administradores públicos, aconteceu uma “questão de limites”; para militares, tratou-se de uma “campanha militar”; para socialistas, aconteceu uma “luta pela terra”. Dois mil e doze é o ano do Centenário do acontecimento histórico da Guerra do Contestado, não temos muito a comemorar, a guerra, com duração de quatros anos, ceifou tragicamente, cerca de sete mil sertanejos. A Guerra do Contestado é um episódio complexo, pois é alimentado por vários fatores que se entrelaçam, sejam de ordem social, política, econômica, cultural, sejam de ordem religiosa. Passado 100 anos desse grande genocídio vê-se necessário trazer reflexões sobre a Guerra do Contestado, haja visto que o assunto em pauta venha sendo discutido por alguns educadores e estudantes, o que tem contribuído para uma compreensão real dos fatos ocorridos neste período. Com isso vê-sê a necessidade de um debate contemporâneo juntos aos alunos no que diz respeito às conseqüências ainda hoje vivenciadas neste fractal do sul do Brasil. Essa guerra, acontecida entre 1912 e 1916 na região fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina, foi um conflito armado travado entre a população cabocla do local e as forças policiais dos dois estados e contingentes do exército brasileiro. É um episódio pouco conhecido da História do Brasil, mas que deixou mais de 8.000 mortos entre as forças militares que foram mandadas contra os rebeldes e praticamente dizimou a população da região, constituida principalmene de caboclos analfabetos e mal armados. Em tudo isso, como em Canudos, duas décadas antes, foi a miséria e a ignorância, reforçada pelo fanatismo religioso que levou os caboclos à revolta. Mas novamente, em tudo isso, é a injustiça de um sistema e a ganância dos poderosos, o principal motor da revolução. Quando a miséria é combatida com canhões, ao invés de comida, e a ignorância é reprimida com a força ao invés de educação, o que sobra é a violência e a guerra. E como a História sempre é escrita pelos vencedores, os verdadeiros motivos dos grandes genocídios ficam sempre ocultos nas sombras. A Guerra do Contestado foi um desses conflitos, onde um governo autocrata, injusto e caolho em relação a toda responsabilidade social, preferiu massacrar uma população ao invés de ajudá-la a superar a miséria econômica, social e intelectual em que viviam. Como em Canudos, essa é mais uma nódoa que pode ser atribuída á jovem república de coronéis e fazendeiros que o Marechal Deodoro proclamou.

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