segunda-feira, 7 de maio de 2012

TEXTO - FANÁTICOS

OS FANÁTICOS No auge do movimento, o território ocupado pelos sertanejos compreendia 28.000 quilômetros quadrados. A população oscilava em torno de 20 a 30 mil fanáticos, espalhados nos vários redutos. A revolta dos sertanejos era total: fazendas eram atacadas e saqueadas, os inimigos da fé eram mortos. Inclusive um escritório da "Lumber Company" foi atacado. A posse da terra era o principal motivo da revolta, segundo um sertanejo: "O governo da República toca os filhos brasileiros dos terrenos que pertencem à nação e os vende para o estrangeiro". A guerra camponesa do Contestado não foi uma simples revolta de fanáticos como alguns historiadores procuram nos apresentar. Os sertanejos explorados pelos latifundiários, expulsos de suas terras pelas companhias estrangeiras, as quais o governo havia cedido grandes extensões de terra, reagiram a essa opressão. Em resumo, podemos afirmar que a miséria, a ignorância e as injustiças sociais fizera, eclodir essa guerra que teve um fim trágico, com o massacre de milhares de camponeses. A região em que houve o conflito era chamada de área contestada, devido aos litígios de limites entre os estados do Paraná e Santa Catarina. Porém, a guerra foi a revolta dos sertanejos da região contra o governo, as companhias estrangeiras e as oligarquias locais e não um conflito entre os estados do Paraná e Santa Catarina. No sertão, os monges (figuras estranhas que levavam uma vida ascética) tinham grande prestígio. Em 1912, o monge José Maria d'Agostini, seguido pelos sertanejos que haviam sido expulsos de suas terras pelo "Brazil Railway Company", a quem o governo havia concebido nove quilômetros de cada lado da estrada de ferro, que está companhia norte-americana estava construindo na região contestada, rumou para os campos do Irani em território paranaense. Neste ano tivemos o combate do Irani, onde os seguidores do monge José Maria enfrentaram as tropas do coronel paranaense João Gualberto. Nesse combate, José Maria e João Gualberto faleceram. Após a morte do monte, os sertanejos radicalizaram suas posições, desencadeando uma verdadeira guerra civil. No reduto, predominava a divisão por igual dos alimentos e de outros meios de subsistência, conforme as pesquisas de Maurício Vinhas Queiroz. "Do que um comia, tudo tinha que comer, do que um bebia, tudo tinha que beber, todos eram irmãos" (Depoimento de Maria). Uma outra testemunha acrescenta: " Ninguém tinha o direito de vender nada para outro. Se eu precisava de um vestido era dado. Tudo era dado. Se alguém vendia, era morto". Os sertanejos adoravam táticas de guerrilha, só atacando no momento e locais propícios, daí terem obtido vitórias espetaculares. Diante do fracasso das tropas estaduais, já no governo de Venceslau Brás foi enviada uma poderosa expedição, formada por 8.000 homens sob o comando do General Setembrino de Carvalho. Depois de sitiada a região, os sertanejos foram vencidos pela fome e superioridade das forças federais.

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