segunda-feira, 7 de maio de 2012

Décimo quarto quadro de quarenta - Os Fanáticos

Do fanatismo ao banditismo A escolha de Adeodato Manoel Ramos ou também Joaquim José de Ramos, o Adeodato, ou ainda o Leodato, para assumir o comando-geral dos guerrilheiros fanáticos, desvia as razões da guerra para um eixo completamente modificado em comparação aos dias de Taquaruçu I. O misticismo e o espírito religioso dos tempos da vida real do monge já não são mais necessários à coesão da Irmandade, agora transformada em piquetes de bandoleiros que aterrorizam os campos, os matos e as serras do Planalto Norte. Um bom número de marginais infiltrado no movimento havia encontrado uma ocupação, um trabalho-quase-profissão, cujo pagamento era a manutenção própria e da respectiva família. A guerra alimentada pelo caráter de reforma religiosa, exigida pelos devotos dos monges, cede espaço a uma luta armada que, uma vez concluída, proporcionaria a cada guerrilheiro a desejada situação econômica e social. A destruição dos redutos, com a conseqüente dispersão dos combatentes, poderia trazer como resultado a volta à marginalidade anterior, o retorno à miséria, à falta de terras para cultivar ou à inexistência de meios para manter o guerrilheiro e seus familiares. A continuação das hostilidades contra as populações pacíficas e, principalmente, contra as tropas do governo, alimentava esperanças de resolução dos problemas que haviam lançado o caboclo na miséria, e o marginal, no crime. Nos redutos, o prestígio do chefe espiritual cede lugar exclusivo ao comandante-das-armas. O fanatismo religioso cede espaço ao banditismo de marginais, promovido também pelos vaqueanos civis, a serviço das tropas do governo.

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